Dados do Trabalho
Título
Convivendo com Doença de Chagas e suas repercussões: Relato de caso.
Introdução
Em decorrência da infecção pelo Trypanosoma cruzi, cerca de 20–30% dos pacientes podem desenvolver doença cardíaca chagásica crônica até 20 anos após o estabelecimento da enfermidade. As implicações cardiovasculares em pacientes com Doença de Chagas Crônica (DCC) são: doença arterial coronariana, doença microvascular, insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular (CEVD), trombose cardíaca e embolia pulmonar, arritmias cardíacas e morte súbita cardíaca. A prevalência de CEVD é de 2% em pacientes com DCC, e há manifestação de acidente vascular encefálico (AVE) cardioembólico em até 76% dos casos, dos quais, 12% são oclusão de um vaso cerebral importante, e 6%, oclusão de uma pequena artéria cerebral. Os fatores de risco para AVE cardioembólico são diabetes mellitus (DM), idade jovem, sexo feminino, AVE prévio e escore de Souza ≥ 3.
Descrição do Caso
H.R.B, 83 anos, sexo feminino. O acompanhante relata episódios recorrentes de paresia bilateral em membros inferiores, sem perda de consciência, com melhora espontânea após algum tempo. Relata que, durante os últimos 7 dias, a paciente tem se queixado de tonturas, associadas à lipotímia, e queda ao solo há 1 dia com recuperação rápida da consciência, sem liberação de esfíncteres ou déficits motores. Relata que há 3 horas a paciente apresentou perda de consciência com queda ao solo e, após recuperada, paresia em dimídio esquerdo, desvio de rima para a esquerda, disartria e paralisia do olhar conjugado. Ao atendimento, apresentava glicemia de 326 mg/dL, corrigida com insulina. A história prévia da paciente abarca hipertensão arterial sistêmica, DM, hipotireoidismo, três AVEs, sendo o último há nove meses e DCC. Nega tabagismo e etilismo. No momento da admissão, não apresentava disartria, encontrava-se lúcida, sem desvio de rima, ausência de paresia em ambos os lados e membros e sem se recordar do acontecido.
Hipótese(s) Diagnóstica(s)
A hipótese diagnóstica foi de AVE em janela com provável etiologia cardioembólica.
Conduta(s) Adotada(s)
Foi solicitada tomografia computadorizada de crânio, exames laboratoriais gerais, gasometria arterial; solicitada avaliação da equipe de neurologia; e realizada correção de sódio e vigilância clínica.
Conclusões
O caso citado exemplifica uma das possíveis intercorrências da DCC em pacientes idosos, ressaltando a complexidade dessa condição comórbida, sobretudo por seu caráter endêmico em diversas regiões do país. Com isso, deve-se atentar ao paciente idoso chagásico e a suas demais comorbidades.
Palavras chave
Doença de Chagas; Acidente Cerebrovascular; Cardiomiopatia Chagásica.
Área
Tema Livre
Instituições
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM - Minas Gerais - Brasil
Autores
FELIPE FELIX SILVA, Ana Laura Soares Silva, Laís Garotti Paranhos