Dados do Trabalho


Título

Arritmia ventricular e dispneia em paciente realizando tratamento oncológico: Relato de caso.

Introdução

Doenças cardiovasculares e câncer representam as principais causas de mortalidade no mundo. Avanços na detecção e tratamento do câncer tem proporcionado aumento no número de sobreviventes com projeção de, em poucos anos, mais da metade possuir idade superior a 70 anos. Uma população mais idosa, com história de câncer e doença cardiovascular, sobreposta a potencial cardiotoxicidade do tratamento oncológico, necessita abordagem especializada que permita o manejo adequado. O tratamento oncológico tem evoluído muito contudo sabemos que existe potencial toxicidade cardiovascular associada. O advento da imunoterapia trouxe resultados favoráveis, todavia há risco de cardiotoxicidade que pode ser agrupada em duas categorias, a inflamatória representada pela miocardite e a não inflamatória onde podem ocorrer arritmias. Inibidores do crescimento do endotélio vascular beneficiam milhares de pacientes com câncer sendo que a hipertensão arterial é o principal efeito adverso mas arritmias, apesar de mais raras, podem ocorrer.

Descrição do Caso

LCLP, 56 anos, branco, sem cardiopatia prévia, diagnosticado com carcinoma renal de células claras submetido a nefrectomia e imunoterapia com Nivolumab. No seguimento evolui com surgimento de metástases que apresentam crescimento progressivo após 1 ano de tratamento. Devido avanço da doença foi indicado uso de inibidor do crescimento do endotélio vascular, o Cabozantinibe. Assintomático do ponto de vista cardiocirculatório até então, paciente passa a relatar dispneia aos esforços classe III NYHA após associação terapêutica. Nos exames pré-tratamento possuía eletrocardiograma normal, ecocardiograma com aortoesclerose (função ventricular normal) e teste ergométrico normal, 10 METS. Submetido a novo ecocardiograma sem alterações, troponina e NT pró-bnp normais foi indicado novo teste ergométrico que mostrou surgimento de bigeminismo ventricular e dispneia sendo necessário interromper o exame devido limitação funcional (5,4 METS). Foi submetido a ressonância cardíaca cujo resultado foi normal.

Hipótese(s) Diagnóstica(s)

Arritmia ventricular secundária ao tratamento oncológico ocasionando insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.

Conduta(s) Adotada(s)

Prescrito carvedilol, evolui assintomático em poucos dias retornando para classe I NYHA.

Conclusões

O tratamento oncológico possui potencial cardiotoxicidade cabendo aos especialistas adotarem medidas de cardioproteção, identificando complicações precocemente e agindo ativamente para possibilitar que os pacientes possam concluir sua terapia.

Área

Tema Livre

Instituições

Curso de Pós-graduação em cardiologia da SBC/INC/INCA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. - Rio de Janeiro - Brasil, Instituto Nacional do Câncer, INCa, Divisão de pesquisa clínica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. - Rio de Janeiro - Brasil, Universidade Luterana do Brasil - ULBRA - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

JULIO COUTINHO DE VARGAS NETO, Marcos José Pereira Renni, Gabriel Jardim de Vargas, Carla Rejane Caneda Jardim de Vargas